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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

E se o maior contador de estória reagisse no governo Geraldo Alckmin, estaria vivo???

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16/09/2012 - 07h17
Alckmin usa a mesma retórica dos matadores da ditadura

MARIA RITA KEHL
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Quem não reagiu está vivo", disse o governador de São Paulo ao defender a ação da Rota na chacina que matou nove supostos bandidos numa chácara em Várzea Paulista, na última quarta-feira, dia 12. Em seguida, tentando aparentar firmeza de estadista, garantiu que a ocorrência será rigorosamente apurada.

Eu me pergunto se é possível confiar na lisura do inquérito, quando o próprio governador já se apressou em legitimar o morticínio praticado pela PM que responde ao comando dele.

"Resistência seguida de morte": assim agentes das Polícias Militares, integrantes do Exército e diversos matadores free-lancer justificavam as execuções de supostos inimigos públicos que militavam pela volta da democracia durante a ditadura civil militar, a qual oprimiu a sociedade e tornou o país mais violento, menos civilizado e muito mais injusto entre 1964 e 1985.

Suprimida a liberdade de imprensa, criminalizadas quaisquer manifestações públicas de protesto, o Estado militarizado teve carta branca para prender sem justificativa, torturar e matar cerca de 400 estudantes, trabalhadores e militantes políticos (dos quais 141 permanecem até hoje desaparecidos e outros 44 nunca tiveram seus corpos devolvidos às famílias --tema atual de investigação pela Comissão Nacional da Verdade).

Esse número, por si só alarmante, não inclui os massacres de milhares de camponeses e índios, em regiões isoladas e cuja conta ainda não conseguimos fechar. Mais cínicas do que as cenas armadas para aparentar trocas de tiros entre policiais e militantes cujos corpos eram entregues às famílias totalmente desfigurados, foram os laudos que atestavam os inúmeros falsos "suicídios".

HERZOG

A impunidade dos matadores era tão garantida que eles não se preocupavam em justificar as marcas de tiros pelas costas, as pancadas na cabeça e os hematomas em várias partes do corpo de prisioneiros "suicidados" sob sua guarda. Assim como não hesitaram em atestar o suicídio por enforcamento com "suspensão incompleta", na expressão do legista Harry Shibata, em depoimento à Comissão da Verdade, do jornalista Vladimir Herzog numa cela do DOI-Codi, em São Paulo.

Quando o Estado, que deveria proteger a sociedade a partir de suas atribuições constitucionais, investe-se do direito de mentir para encobrir seus próprios crimes, ninguém mais está seguro. Engana-se a parcela das pessoas de bem que imaginam que a suposta "mão de ferro" do governador de São Paulo seja o melhor recurso para proteger a população trabalhadora.

Quando o Estado mente, a população já não sabe mais a quem recorrer. A falta de transparência das instituições democráticas --qualificação que deveria valer para todas as polícias, mesmo que no Brasil ainda permaneçam como polícias militares-- compromete a segurança de todos os cidadãos.

Vejamos o caso da última chacina cometida pela PM paulista, cujos responsáveis o governador de São Paulo se apressou em defender. Não é preciso comentar a bestialidade da prática, já corriqueira no Brasil, de invariavelmente só atirar para matar --frequentemente com mais de um tiro.

Além disso, a justificativa apresentada pelo governador tem pelo menos uma óbvia exceção. Um dos mortos foi o suposto estuprador de uma menor de idade, que acabava de ser julgado pelo "tribunal do crime" do PCC na chácara de Várzea Paulista. Ora, não faz sentido imaginar que os bandidos tivessem se esquecido de desarmar o réu Maciel Santana da Silva, que foi assassinado junto com os outros supostos resistentes.

Aliás, o "tribunal do crime" acabara de inocentar o acusado: o senso de justiça da bandidagem nesse caso está acima do da PM e do próprio governo do Estado. Maciel Santana morreu desarmado. E apesar da ausência total de marcas de tiros nos carros da PM, assim como de mortos e feridos do outro lado, o governador não se vexa de utilizar a mesma retórica covarde dos matadores da ditadura --"resistência seguida de morte", em versão atualizada: "Quem não reagiu está vivo".

CAMORRA

Ora, do ponto de vista do cidadão desprotegido, qual a diferença entre a lógica do tráfico, do PCC e da política de Segurança Pública do governo do Estado de São Paulo? Sabemos que, depois da onda de assassinatos de policiais a mando do PCC, em maio de 2006, 1.684 jovens foram executados na rua pela polícia, entre chacinas não justificadas e casos de "resistência seguida de morte", numa ação de vendeta que não faria vergonha à Camorra. Muitos corpos não foram até hoje entregues às famílias e jazem insepultos por aí, tal como aconteceu com jovens militantes de direitos humanos assassinados e desaparecidos no período militar.

Resistência seguida de morte, não: tortura seguida de ocultação do cadáver. O grupo das Mães de Maio, que há seis anos luta para saber o paradeiro de seus filhos, não tem com quem contar para se proteger das ameaças da própria polícia que deveria ajudá-las a investigar supostos abusos cometidos por uma suposta minoria de maus policiais. No total, a polícia matou 495 pessoas em 2006.

Desde janeiro deste ano, escreveu Rogério Gentile na Folha de 13/9, a PM da capital matou 170 pessoas, número 33% maior do que os assassinatos da mesma ordem em 2011. O crime organizado, por sua vez, executou 68 policiais. Quem está seguro nessa guerra onde as duas partes agem fora da lei?

ASSASSINATOS

A pesquisadora norte-americana Kathry Sikkink revelou que o Brasil foi o único país da América Latina em que o número de assassinatos cometidos pelas polícias militares aumentou, em vez de diminuir, depois do fim da ditadura civil-militar.

Mudou o perfil socioeconômico dos mortos, torturados e desaparecidos; diminuiu o poder das famílias em mobilizar autoridades para conseguir justiça. Mas a mortandade continua, e a sociedade brasileira descrê da democracia.

Hoje os supostos maus policiais talvez sejam minoria, e não seria difícil apurar suas responsabilidades se houvesse vontade política do governo. No caso do terrorismo de Estado praticado no período investigado pela Comissão da Verdade, mais importante do que revelar os já conhecidos nomes de agentes policiais que se entregaram à barbárie de torturar e assassinar prisioneiros indefesos, é fundamental que se consiga nomear toda a cadeia de mando acima deles.

Se a tortura aos oponentes da ditadura foi acobertada, quando não consentida ou ordenada por autoridades do governo, o que pensar das chacinas cometidas em plena democracia, quando governadores empenham sua autoridade para justificar assassinatos cometidos pela polícia sob seu comando?

Como confiar na seriedade da atual investigação, conduzida depois do veredicto do governador Alckmin, desde logo favorável à ação da polícia? Qual é a lisura que se pode esperar das investigações de graves violações de Direitos Humanos cometidas hoje por agentes do Estado, quando a eliminação sumária de supostos criminosos pelas PMs segue os mesmos procedimentos e goza da mesma impunidade das chacinas cometidas por quadrilhas de traficantes?

Não há grande diferença entre a crueldade praticada pelo tráfico contra seis meninos inocentes, no último domingo, no Rio, e a execução de nove homens na quarta, em São Paulo. O inquietante paralelismo entre as ações da polícia e dos bandidos põe a nu o desamparo de toda a população civil diante da violência que tanto pode vir dos bandidos quanto da polícia.

"Chame o ladrão", cantava o samba que Chico Buarque compôs sob o pseudônimo de Julinho da Adelaide. Hoje "os homens" não invadem mais as casas de cantores, professores e advogados, mas continuam a arrastar moradores "suspeitos" das favelas e das periferias para fora dos barracos ou a executar garotos reunidos para fumar um baseado nas esquinas das periferias das grandes cidades.

PELA CULATRA

Do ponto de vista da segurança pública, este tiro sai pela culatra. "Combater a violência com mais violência é como tentar emagrecer comendo açúcar", teria dito o grande psicanalista Hélio Pellegrino, morto em 1987.

E o que é mais grave: hoje, como antes, o Estado deixa de apurar tais crimes e, para evitar aborrecimentos, mente para a população. O que parece ser decidido em nome da segurança de todos produz o efeito contrário. O Estado, ao mentir, coloca-se acima do direito republicano à informação --portanto, contra os interesses da sociedade que pretende governar.

O Estado, ao mentir, perde legitimidade --quem acredita nas "rigorosas apurações" do governador de São Paulo? Quem já viu algum resultado confiável de uma delas? Pensem no abuso da violência policial durante a ação de despejo dos moradores do Pinheirinho... O Estado mente --e desampara os cidadãos, tornando a vida social mais insegura ao desmoralizar a lei. A quem recorrer, então?

A lei é simbólica e deve valer para todos, mas o papel das autoridades deveria ser o de sustentar, com sua transparência, a validade da lei. O Estado que pratica vendetas como uma Camorra destrói as condições de sua própria autoridade, que em consequência disso passará a depender de mais e mais violência para se sustentar.
FONTE:

*Roberto Carlos Ramos "O maior contador de estória" 


Qdo ouvi o governador de São Paulo explicar que quem não reagiu estava vivo, recordei de Roberto Carlos, o menino que aos seis anos, por conta de problemas familiares e publicidade enganosa é levado por sua mãe para uma recém-inaugurada instituição para crianças - a FEBEM. .

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

MPB4 e o nosso Magro



O histórico do grupo remonta a 1962, inicialmente com formação de trio, integrado por Ruy, Aquiles e Miltinho, responsáveis pelo suporte musical do Centro Popular de Cultura, da Universidade Federal Fluminense (filiado ao CPC da UNE), em Niterói.


A partir do ano seguinte, com a adesão de Magro Waghabi, passou a atuar como Quarteto do CPC, com a seguinte distribuição de vozes: Ruy (1ª voz), Magro Waghabi (2ª voz e direção musical), Aquiles (3ª voz) e Miltinho (4ª voz).

Em 1964, com a extinção dos CPCs, Magro Waghabi e Miltinho, na época estudantes de Engenharia, batizaram o conjunto como MPB-4, o que provocou, por parte de Sérgio Porto, o comentário de que o nome do quarteto parecia "prefixo de trem da Central do Brasil". Por esse motivo, durante muito tempo, atribuiu-se ao jornalista a autoria do nome do grupo. Nesse mesmo ano realizou sua primeira apresentação profissional, na Boate Petit Paris, em Niterói. Também em 1964, gravou seu primeiro disco, um compacto duplo intitulado Samba Bem, contendo as faixas "Samba da Minha Terra" (Dorival Caymmi), "Lavadeira" (Silveirinha), "Mascarada" (Zé Kéti e Élton Medeiros) e "Vida do Sem" (Miltinho e Waghabi), essa última incluída na peça "O Menino e a Bola", criação de Carlos Vereza e dos integrantes do quarteto.

Em 1965, Ruy, Magro Waghabi, Aquiles e Miltinho, ainda estudantes, viajaram de férias para São Paulo, onde, na Boate “Ela, Cravo & Canela”, por intermédio do escritor e compositor Chico de Assis, conheceram Chico Buarque e as integrantes do Quarteto em Cy. Chico de Assis os apresentou a Manoel Carlos. O MPB4 para se apresentar no programa O Fino da Bossa, da TV Record, ao lado do Quarteto em Cy, e para cantar ao lado de Elis Regina Elis Regina, apresentadora do programa, junto com Jair Rodrigues. Ainda em São Paulo, o conjunto atuou mais uma vez ao lado do Quarteto em Cy, apresentando, na boate Le Club, o show "No Samba Que Eu Vou", cujo roteiro foi assinado por Chico de Assis. Em uma das apresentações, encontrava-se presente na platéia o produtor Aloysio de Oliveira, que convidou-os para gravar no selo Elenco. De volta ao Rio de Janeiro, o grupo lançou um compacto simples, contendo as canções "Samba Lamento" (Luiz Marçal) e "São Salvador" (Roberto Nascimento). Ainda em 1965, dividiu o palco da Boate Zum Zum com Oscar Castro Neves, Rosinha de Valença e o Quarteto em Cy, no show "Contraponto", com direção de Aloysio de Oliveira. Participou, também, do histórico espetáculo "O Samba Pede Passagem" (uma idealização de Sérgio Cabral), dirigido por João das Neves, apresentando-se ao lado de  Aracy de Almeida e Ismael Silva, dentre outros. O show, lançado em disco, foi realizado no Teatro Opinião (RJ), substituindo o espetáculo teatral "Brasil Pede Passagem", proibido pela censura.

Em 1966, integrou, ao lado de Betty Faria, Fernando Lébeis, José Wilker, José Damasceno e Cécil Thiré, a ópera popular "João Amor e Maria", de Hermínio Bello de Carvalho e de Mauricio Tapajós, cuja trilha sonora, composta por Mauricio, contou com algumas letras de Antônio Carlos Brito (Cacaso). O espetáculo, que teve direção de Kleber Santos e Nélson Xavier, e cenários de Marcos Flaksman, foi apresentado no Teatro Jovem (RJ). Participou, também, ao lado da musa da bossa nova, do show "Quem Tem Medo de Nara Leão?", realizado na Boate Cangaceiro (RJ), com direção de Guilherme Araújo e Ferreira Gullar. Ainda em 1966, gravou seu primeiro LP, "MPB-4", com destaque para as canções "Lamentos" (Pixinguinha e Vinícius de Moraes), "Juca", "Olé, Olá" e " Sonho de Um Carnaval", todas de Chico Buarque. Participou, nesse mesmo ano, do II Festival da Música Popular Brasileira (TV Record), classificando "Canção de Não Cantar", de Sérgio Bittencourt, em 4º lugar.

Em 1967, gravou mais um LP intitulado "MPB-4", contendo "Cordão da Saideira" (Edu Lobo), "Fica", "Morena dos Olhos d'Água" e "Quem Te Viu, Quem Te Vê", todas de Chico Buarque", além de "Canção a Medo" (Sérgio Bittencourt), gravada com a participação do Quarteto em Cy, dentre outras. Nesse mesmo ano, participou do III Festival da Música Popular Brasileira (TV Record), interpretando as canções "Gabriela" (Maranhão) e "Roda-Viva" (Chico Buarque), esta última com o autor. Ambas, com arranjos vocais de Magro Waghabi, foram classificadas em 6º e 3º lugares, respectivamente. Também em 1967, classificou as canções "O Sim `Pelo Não" (Alcivando Luz e Carlos Coqueijo) e "Cantiga" (Dori Caymmi e Nélson Motta) em 6º e 9º lugares, respectivamente, no II Festival Internacional da Canção (TV Globo).

Em 1968, gravou o LP "MPB-4", registrando "Ela Desatinou" (Chico Buarque), "Estrela É Lua Nova" (Villa-Lobos), com a participação do coral do Centro Educacional de Niterói, "Sabiá" (Tom Jobim e Chico Buarque) e "Sentinela" (Milton Nascimento e Fernando Brant), dentre outras, além de "Por Acaso", uma parceria de Ruy e Cynara. Ainda nesse ano, apresentou-se com Chico Buarque no Teatro Toneleros (RJ), com direção de João das Neves, e realizou temporada de shows na Boate Blow Up (SP).

Em 1969, dividiu o palco do Teatro Opinião (RJ) com a dupla Cynara & Cybele, no show "Bacobufo no Caterefofo".
No ano seguinte, voltou a se apresentar com Chico Buarque, em show realizado na casa noturna Sucata (RJ). Lançou, também em 1970, o LP "Deixa Estar", registrando a primeira gravação de uma música de Aldir Blanc, "Amigo É Pra Essas Coisas" (com Silvio da Silva Jr.), classificada em segundo lugar no III Festival Universitário da MPB, além de "Pelo telefone" (Donga e Mauro de Almeida), a faixa-título (Maurício Tapajós e Hermínio Belo de Carvalho) e "Beco do Mota" (Milton Nascimento e Fernando Brant) e "Mar da tranqüilidade", uma parceria de Ruy, Cynara e Aquiles, dentre outras.

Em 1971, gravou o LP "De Palavra em Palavra", contendo "Cravo e Canela" (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos), "Eu Cheguei Lá" (Dorival Caymmi) e "Pois É, Pra Quê?" (Sidney Miller), dentre outras, além da faixa-título, uma parceria de Miltinho com Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro, e de "Minha História", versão de Chico Buarque para a canção "Gesubambino" (Dalla e Pallottino). Nesse mesmo ano, dividiu o palco do Canecão (RJ) com Chico Buarque, Jacques Klein e a Orquestra Sinfônica Brasileira, sob a regência do maestro Isaac Karabtchevsky, no histórico espetáculo "Construção".

Em 1972, apresentou-se em Portugal, com Chico Buarque. Lançou, ainda nesse ano, o LP "Cicatrizes", com destaque para "San Vicente" (Milton Nascimento e Fernando Brant), "Partido-Alto" (Chico Buarque), "Pesadelo" (Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro) e a faixa-título, uma parceria de Miltinho com Paulo César Pinheiro.

Em 1973, voltou a se apresentar com Chico Buarque, dessa vez em Buenos Aires.
No ano seguinte, 1974, gravou o LP "Antologia do Samba", contendo obras de Monsueto, Chico Buarque, Ismael Silva, Ataulfo Alves, Noel Rosa, Dorival Caymmi, Baden Powell, Tom Jobim, Nélson Cavaquinho e Paulinho da Viola. Dividiu o palco do Teatro Casa Grande (RJ) com Chico Buarque, no show "Tempo e Contratempo". 

Também em 1974, lançou o LP "Palhaços e Reis". O disco, produzido por Paulinho Tapajós, registrou, dentre outras, as canções "Mordaça" (Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro), "Agora é Portela 74" (Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro), "Fé Cega, Faca Amolada" (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos) e "Chegança" (Edu Lobo e Oduvaldo Vianna Filho), além da faixa-título (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Barros) e da composição "Nosso Mal", uma parceria de Miltinho com Maurício Tapajós.

Em 1975, apresentou, no Teatro Fonte da Saudade (RJ), o espetáculo "MPB-4 na República do Peru". O roteiro, escrito pelos integrantes do grupo, em parceria com Chico Buarque e Antônio Pedro, foi vetado pela Censura após cinco apresentações, gerando um show em forma de recital, contendo apenas o repertório musical. Lançou, ainda nesse ano, o LP "Dez Anos Depois". O disco, também produzido por Paulinho Tapajós, registrou as canções "De Frente Pro Crime" (João Bosco e Aldir Blanc), "Manhã de Carnaval" (Luiz Bonfá e Antônio Maria), "Galope" (Gonzaguinha), "Canto Triste" (Edu Lobo e Vinícius de Moraes), "Passaredo" (Francis Hime e Chico Buarque), "Ana Luiza" (Tom Jobim), "Pressentimento" (Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho), "Praias Desertas" (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), "Amei Tanto" (Baden Powell e Vinícius de Moraes), "Evangelho" (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro), "Vera Cruz" (Milton Nascimento e Márcio Borges), além de "Assim Seja, Amém", uma parceria de Miltinho com Gonzaguinha. Apresentou-se, também, no Teatro Fonte da Saudade (RJ), com o show "MPB-4 no Safári", título escolhido para substituir "República de Ugunga", que havia sido vetado pela Censura.

Em 1976, gravou o LP "Canto dos Homens". No repertório, músicas como "Corrente" e "Vai Trabalhar Vagabundo", ambas de Chico Buarque, "Negro, Negro" (Edu Lobo e Capinam), "Bola ou Búlica" e "O Ronco da Cuíca", ambas de João Bosco e Aldir Blanc, "Chão, Pó, Poeira" (Gonzaguinha) e "Aparecida" (Ivan Lins e Maurício Tapajós), dentre outras, além da faixa-título, uma parceria de Miltinho com Paulo César Pinheiro. O show de lançamento do disco estreou no Teatro da Galeria (RJ), sob o título de "Jornal Depois de Amanhã", com direção de Antônio Pedro e texto de Aldir Blanc. Esse espetáculo foi realizado em substituição a outro que continha o texto de Carlos Eduardo Novaes "MPB-4 no País das Maravilhas", vetado na íntegra pela Censura Federal.

Em 1977, lançou o LP "Antologia do Samba nº 2", contendo obras de Ivan Lins, Cartola, Maurício Tapajós, Haroldo Lobo, Haroldo Barbosa, Zé Kéti, Pixinguinha, Ary Barroso, Wilson Batista e Billy Blanco.

No ano seguinte, gravou, com o Quarteto em Cy, o LP "Cobra de Vidro", registrando "Nada Será Como Antes" (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos), "A estrada e o Violeiro" (Sidney Miller), "Não Existe Pecado ao Sul do Equador" (Chico Buarque e Ruy Guerra), "O Cio da Terra" (Milton Nascimento e Chico Buarque), "Me Gustan los Estudiantes" (Violeta Parra), "Oriente" (Gilberto Gil) e "Because" (Lennon e McCartney), dentre outras. Apresentou-se, ao lado do Quarteto em Cy, no Teatro Carlos Gomes (RJ), em espetáculo de mesmo nome,que registrou a estreia, como roteirista e diretor, de Túlio Feliciano, e a apresentação da inédita canção "Angélica" (Miltinho e Chico Buarque), uma homenagem a Zuzu Angel.

Em 1979, lançou o LP "Bons Tempos, Hein?", contendo "Fantasia" (Chico Buarque), "Se Meu Time Não Fosse o Campeão" (Gonzaguinha), "Tropicália" (Caetano Veloso), "Cálice" (Chico Buarque e Gilberto Gil), "Pobre del Cantor" (Pablo Milanés) e "Nascente" (Flávio Venturini e Murilo Antunes), dentre outras, além de "Angélica". Estreou show homônimo no TAIB (SP), com texto de Millor Fernandes e direção de Benjamim Santos, que ficou em cartaz durante cinco meses.

Em 1980, gravou o LP "Vira Virou", registrando "Olhar de Cobra" (Moraes Moreira e Rizério), "A Lua" (Renato Rocha), "Bilhete" (Ivan Lins e Vitor Martins) e "Vira Virou" (Kleiton Ramil), dentre outras. Realizou show de lançamento do disco no Teatro Teresa Raquel (RJ). Ainda nesse ano, lançou, com o Quarteto em Cy, o LP infantil "Flicts - de Ziraldo e Sérgio Ricardo".

Em 1981, gravou mais um LP infantil, "Adivinha o Que É", obra de Renato Rocha, contendo canções como "O Som dos Bichos" (Renato Rocha e G. Amaral), "O Galo Cantor" (Renato Rocha e G. Amaral) e "O Pato" (Toquinho e Vinícius de Moraes), esta última apresentada pelo grupo no especial da TV Globo "A arca de Noé". Estreou show homônimo no Canecão (RJ), com direção de Benjamim Santos. Ainda  nesse ano, lançou o LP "Tempo Tempo", registrando as canções "Almanaque" (Chico Buarque) e "Oração ao Tempo" (Caetano Veloso), dentre outras, além de composições de Miltinho, "Cavalo de Batalha" (com Paulo César Pinheiro e Zé Renato) e "Anjo Sereia" (com Alceu Valença), "Mulher Maio" (Ruy e Ary dos Santos), "Magia" (Magro Waghabi e Kleiton Ramil) e "Doce, Doce" (Magro Waghabi e Miltinho). Posteriormente, apresentou esse mesmo show no Tuca (SP), também com direção de Benjamim Santos.

Em 1983, gravou o LP "Caminhos Livres", contendo "Baile no Meu Coração" (Paulo Leminski e Moraes Moreira), "Papo de Passarim" (Zé Renato e Xico Chaves), "Porto Seguro" (Marcelo Alkmin e Flávio Venturini), "Lindo Balão Azul" (Guilherme Arantes) e "A Nível de..." (Aldir Blanc e João Bosco), dentre outras, além de "Voo do Amor", uma parceria de Ruy com Rosana Ferrão, e "Palhacinha", de Magro Waghabi e Miltinho. Apresentou-se no Canecão, em show homônimo dirigido por Benjamim Santos.

Em 1984, lançou o LP "4 Coringas", registrando "Bacurizim" (Gilberto Gil), "Tema de Amor de Gabriela" (Tom Jobim), "Alegria Brasil" (Gonzaguinha), "Entre o Torresmo e a Moela" (Aldir Blanc e Maurício Tapajós) e "Quatro Coringas" (Vitor Martins e Ivan Lins), dentre outras, além de "Mais Coração", uma parceria de Miltinho com Paulo César Pinheiro e Zé Renato, e "Pastor da Noite", de Magro Waghabi e Miltinho. Estreou show de lançamento do disco no Teatro da Galeria (RJ).

Em 1987, gravou o LP "Feitiço Carioca - do MPB-4 para Noel Rosa", contendo obras do poeta da Vila, como "Pierrô apaixonado" (c/ Heitor dos Prazeres), "Com que roupa", "Feitio de Oração" e "Conversa de Botequim" (c/ Vadico), dentre outras, além de "Felicidade", de René Bittencourt. Realizou show homônimo na casa de espetáculos Boteco-Teco, com roteiro e direção de Ruy Faria e texto de Aldir Blanc.

Em 1989, apresentou, no Canecão, o show "Amigo É Pra Essas Coisas", com texto de Luís Fernando Veríssimo e direção de Túlio Feliciano, depois gravado ao vivo na casa de espetáculos Scala. No repertório, as músicas "Canções e Momentos" e "Canção da América", ambas de Milton Nascimento e Fernando Brant, "Olê Olá", "Roda-Viva" e "Quem Te Viu, Quem Te Vê", todas de Chico Buarque, "A Lua" (Renato Rocha), "Vira Virou" (Kleiton Ramil), "A Nível de..." (Aldir Blanc e João Bosco), "O Que Vale É a Amizade”, versão de Paulo César Pinheiro para “With a Little Help From My Friends”, de Lennon e McCartney, "Por Quem Merece Amor”, uma versão de Miltinho para “Por Quien Merece Amor”, de Silvio Rodriguez, "Faz Parte do Meu Show" (Renato Ladeira e Cazuza), "Paula e Bebeto" (Caetano Veloso e Milton Nascimento), "Amor de Índio" (Beto Guedes e Ronaldo Bastos) e a canção-título (Sílvio da Silva Júnior e Aldir Blanc), além de "Parceria em Marcha Lenta", de Magro Waghabi e Luís Fernando Veríssimo. O espetáculo reuniu pela primeira vez no palco duas gerações de músicos: o MPB4 acompanhado por Marcos Feijão (bateria e percussão), filho de Miltinho, Pedro Reis (violão, guitarra e bandolim), filho de Aquiles, João Faria (baixo e violão), filho de Ruy, e Eduardo Waghabi (teclados), filho de Magro Waghabi.

Em 1991, gravou o CD "Sambas da Minha Terra", contendo obras de Dorival Caymmi, Toquinho & Vinícius, Zé Kéti e Ary Barroso, dentre outros, apresentando-se no Teatro da Barra (RJ), com direção de Túlio Feliciano.
Em 1993, lançou o CD "Encontro Marcado - MPB-4 canta Milton Nascimento", registrando obras do compositor mineiro, apresentando-se em show homônimono Canecão.

Em 1995, comemorando 30 anos de carreira, realizou, no Teatro Rival (RJ), o espetáculo "Arte de Cantar", com direção e texto de Miguel Fallabela. O show foi gravado ao vivo, gerando o CD que registrou sucessos da carreira do MPB4, como "Roda Viva" (Chico Buarque), "Canto Triste" (Edu Lobo e Vinícius de Moraes), em interpretação a capela, e "Amigo É Pra Essas Coisas" (Sílvio da Silva Júnior e Aldir Blanc), dentre outros, além das canções inéditas "Soberana Rosa" (Ivan Lins, Vítor Martins e Chico César) e "Sépia & Flash" (Guinga e Aldir Blanc), feita especialmente para o MPB4.

Em 1997, gravou, com o Quarteto em Cy, o CD "Bate-Boca", registrando obras de Tom Jobim e Chico Buarque. Estreou show no Teatro Municipal de Niterói, com direção de Túlio Feliciano.
No ano seguinte, lançou mais um CD com o Quarteto em Cy, "Somos Todos Iguais", contendo exclusivamente canções de Djavan, como "Fato Consumado", e da dupla Ivan Lins e Vitor Martins, como "Somos Todos Iguais Nesta Noite". Estreou show de lançamento do disco no Canecão (RJ), dividindo o palco com o Quarteto em Cy, sob a direção de Luiz Carlos Maciel.

Em 1999, lançou o CD "Melhores Momentos", gravado ao vivo no Teatro Rival (RJ). No repertório, as canções "O cafona" (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle) e "Yolanda" (Pablo Milanés, numa versão de Chico Buarque), além de "Por Quem Merece Amor", versão de Miltinho para "Por Quien Merece Amor", de Silvio Rodrigues, e da regravação de "Cicatrizes", uma parceria de Miltinho e Paulo César Pinheiro, dentre outras.

Em abril de 2000 viajaram para Portugal para participar do I Festival de Músicas Latinas, em Vila Nova de Famalicão, onde também se apresentaram  o grupo pernambucano Mestre Ambrósio e o fadista Carlos do Carmo.

Ainda em 2000, voltou a gravar um CD com o Quarteto em Cy, "Vinícius - a Arte do Encontro". O disco contou com a direção artística de Ruy Faria, que assinou a seleção do repertório e viabilizour o encontro dos dois grupos com Vinícius de Moraes, 20 anos após seu falecimento, registrando a voz do poeta em algumas faixas, graças a técnicas especiais de gravação. No repertório, canções como "Minha Namorada" (Vinícius e Carlos Lyra), "Arrastão" (Vinícius e Edu Lobo), "Chega de Saudade" (Vinícius e Tom Jobim) e "Samba da Bênção" (Vinícus e Baden Powell), além de "Samba pra Vinícius", de Chico Buarque e Toquinho, e "Odeon", de Ubaldo Sciangula e Ernesto Nazareth. Realizou show de lançamento do disco no Canecão (RJ), ao lado do Quarteto em Cy. O espetáculo contou com roteiro, adaptação de texto, direção geral e produção de Ruy Faria. Ainda nesse ano, apresentou-se no Teatro III do Centro Cultural Banco do Brasil, encerrando o ciclo "MPB, a História de Um Século", série de quatro espetáculos escritos e dirigidos por Ricardo Cravo Albin, em comemoração aos 500 anos do Descobrimento do Brasil. O show do MPB4, que compreendia o período musical de 1960 (festivais de música) a 2000, foi gravado e transmitido para todo o país pela Rede Brasil, liderada pela TVE do Rio de Janeiro.

Em 2001, lançou CD "MPB-4 e a Nova Música Brasileira", que contou com a participação de Jairzinho Oliveira e Max de Castro, responsáveis pela produção, arranjos de base, violões, teclados e programação. No repertório, canções como “Posso Até Me Apaixonar” ( Dudu Nobre), "Paciência" (Lenine e Dudu Falcão), "Lenha" (Zeca Baleiro), "À Primeira Vista" (Chico César)  e "Mentiras" (Adriana Calcanhoto), dentre outras, além de "Eu Sou a Árvore", versão de Chico Buarque para "Y Tu que Hás Hecho?" (Eusébio Delfin).
Todos os shows realizados pelo grupo ao longo de sua carreira tiveram direção musical de Magro Waghabi, com exceção de "Feitiço Carioca", assinado por Maurício Maestro.


Atuando com a formação original desde o início de sua trajetória, o grupo foi indicado, na edição brasileira do "Guiness Book" (o livro dos recordes), de 1996, como o grupo vocal que se manteve por mais tempo atuando no cenário artístico com a mesma formação.

Foi contemplado três vezes com o Prêmio Sharp, na categoria Melhor Conjunto (1987, 1989 e 1995).

Em 2002, apresentou-se em São Paulo, no circuito SESC, no Rio de Janeiro (Mistura Fina, Bar do Tom, Garden Hall) e em outras cidades brasileiras.

Em 2004, participou, ao lado de Gilberto Gil e de outros artistas, da gravação do CD "Hino do Fome Zero" (Roberto Menescal e Abel Silva). Nesse mesmo ano, Ruy Faria desligou-se do grupo, sendo substituído pelo cantor Dalmo Medeiros. A estréia do novo integrante se deu quando o grupo fez o show de encerramento do evento "64 + 40: Golpe e Campo(us) de Resistência", realizado no campus da UFRJ, na Praia Vermelha. Nesse mesmo ano, foi relançado em CD o disco "Cicatrizes", de 1972.
Em 2006 gravou, pela EMI, o CD e DVD comemorativos de 40 anos de carreira, no Teatro do SESC Vila Mariana, em São Paulo, tendo como convidados: Roberta Sá, Quarteto em Cy, Zeca Pagodinho, Milton Nascimento e Cauby Peixoto, tio de Dalmo Medeiros. O disco teve também a participação especial de Chico Buarque que cantou com o MPB4 “Roda Viva”, de sua autoria e “Quem Acreditou na Vida Como Eu”, música, até então inédita, do compositor Sidney Milller.

Em julho de 2007 estrearam no Canecão, no Rio de Janeiro, o show ”Toquinho e MPB4 – 40 Anos de Música”, iniciando em seguida turnê por várias cidades: Campinas, no Centro de Convivência; Belo Horizonte, no Freegels; Porto Alegre, no Teatro Bourbon, e em São Paulo, no Tom Brasil.

Em 2008 prosseguiram com seus shows do DVD/CD 40 Anos e retornaram ao Rio de Janeiro, no Vivo Rio, com o show Toquinho e MPB4, seguindo com este espetáculo para Juiz de Fora, no Teatro Central.
A temporada do show com Toquinho prosseguiu em BH, novamente no Freegels, e em Recife, no Teatro da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), retornando a São Paulo, no agora HSBC Tom Brasil.

Ainda em 2008 gravaram, no Teatro FECAP, em São Paulo, o CD/ DVD deste show: “Toquinho e MPB4, 40 anos de música”, lançado pela gravadora Biscoito Fino.
Em 2009 prosseguiram com os shows dos DVDs/CDs “MPB4-40 Anos” e “Toquinho e MPB4”, além de circuitos pelas unidades do SESC de São Paulo.

Estão gravando o CD “Boleros, Uma Antologia” com novas versões dos mais bonitos boleros feitas pelos grandes letristas da MPB (Caetano Veloso, Celso Viáfora, Fernando Brant, Paulo César Pinheiro, Vítor Ramil, Zélia Duncan e outros), com lançamento previsto para 2010.

Fonte : http://www.mpb4.com.br/noticias/historia/cronologia