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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

“As redes sociais não farão a revolução. As pessoas que as usam sim”

“As redes sociais não farão a revolução. As pessoas que as usam sim”





Por Diângeli Soares

No último dia 06 de Julho, Caxias do Sul recebeu uma visitante especial: A blogueira e jornalista cubana Norelys Morales Aguilera, criadora do blog “Islamia” e promotora dos "Blogueros y Corresponsales de la Revolución", uma rede virtual criada em 2005 e que já conta com mais de mil membros, em pelo menos trinta países. “O Blogueros y Corresponsales de la Revolución é um competidor do facebook” diz Norelys. “Não podemos esquecer que por trás das redes sociais está a ideologia. Nenhuma ferramenta é neutra”.

As duras críticas da blogueira ao Facebook são dirigidas à crescente simbiose entre a rede e a Casa Branca. Desde o sucesso de Chris Hughes, co-fundador do Facebook, nas eleições que elegeram Barack Obama em 2008, a aproximação entre os democratas e a marca só cresceu. Como era de se esperar, esta parceira tem explicação econômica: Um dos principais interesses do Facebook junto ao governo americano é conter o avanço de políticas contra a invasão de privacidade. As informações pessoais dos usuários do facebook são uma peça chave para o desenvolvimento de grandes ações publicitárias, uma vez que permitem o mapeamento de hábitos e preferências do público em geral. Em um mundo dominado pelo consumismo, em que a propaganda desempenha um papel central, o acesso a estas informações é, antes de tudo, uma questão de muito dinheiro. Daí o interesse da rede em parcerias junto ao poder.

Jantar de OBAMA com empresários da área da tecnologia.
Outra crítica da cubana é em relação ao próprio conceito de “rede social”. Norelys afirma que as redes sociais não são invenção, tampouco propriedade dos mega empresários da Internet. “Rede Social” é qualquer instrumento que a agregue e congregue pessoas. E ainda que reconheça a potencialidade destas novas tecnologias, Norelys alerta contra ilusões: As redes sociais, por si só, não farão a Revolução, assim como os jornais e a televisão não a fizeram. Em outras palavras, a comunicação não substitui a organização. O trabalho militante, na vida real, é mais necessário do que nunca.

Yoani Sanches

Norelys não poupa críticas à sua compatriota, Yoani Sanches. Em seu blog, “Islamia”, estampa uma foto bem grande da contra-revolucionária com os dizeres: “Indigência intelectual. Made in USA”. Norelys afirma que Yoani é um exemplo de como o bloqueio midiático contra cuba é um bloqueio qualificado: As notas oficiais do governo cubano desmentindo acusações infundadas nunca passam pelo bloqueio da mídia internacional. Já as idéias de uma simples cidadã - entre milhões de outros simples cidadãos - são recebidas como verdades incontestes. É como se qualquer um de nós fosse eleito a “voz da razão” em nossos países. Pena que não aceitam as nossas criticas ao capitalismo com a mesma facilidade com que aceitam as críticas de Yoani ao socialismo cubano...

Acesso a internet em cuba

Perguntada quanto ao acesso à internet em Cuba, a blogueira conta que o país inteiro possui o equivalente a quatro cybercafés da cidade de São Paulo. Ou seja, o acesso é ínfimo. Entretanto, ao contrário do que muitos podem imaginar, o pouco acesso à internet no país não é fruto da política de segurança nacional do governo cubano e sim do bloqueio econômico imposto pelos EUA. Os EUA simplesmente não permitem que a tecnologia chegue à Cuba. “É como amarrar uma pedra no corpo de uma pessoa, jogá-la na piscina e depois dizer que ela morreu porque não sabia nadar. É isso que os americanos fazem conosco".

Entretanto, no que se refere a este assunto, Norelys finaliza com uma boa notícia: Uma pareceria selada entre cuba e governo da Venezuela permitirá, em breve, a expansão da banda larga no país. A expectativa para os próximos anos é de cada vez mais cubanos na rede. Tudo graças à solidariedade bolivariana.


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